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Photo Credit: Mwhea6am |
Li no encarte Viver Bem, Jornal Gazeta do Povo de 04/04/2010, a matéria Renascidos escrita por Adriana Czelusniak e Fernanda Trisotto e gostei muito. Para celebrar a Páscoa, uma matéria que mostra a atitude de diferentes pessoas perante diferentes embates com a vida. A doença, a adversidade, a incompreensão, o abandono, a falência e o luto. O que todas estas pessoas têm em comum? Otimismo, trabalho, perseverança, superação. Apesar de aparentemente a vida dizer não a estas pessoas, para os seus sonhos e esperanças, elas permaneceram dizendo sim para a vida, e várias delas já foram recompensadas por ter continuado a lutar. Veja a seguir o depoimento de Júnior Gabardo, 46 anos, estilista que perdeu os pais e o único filho em um acidente automobilístico.
"(...) Fazia muito calor naquela manhã de sábado, então meus pais e meu filho de 3 anos resolveram ir à praia. Não havia passado uma hora da partida deles quando me ligaram avisando sobre um acidente na serra, com um caminhão e alguns carros. Depois do choque, e de muitas horas no IML - por causa da explosão, os corpos não podiam ser reconhecidos - me lembro de, na saída do cemitério, ter percebido que a partir dali estaria sozinho. Há um buraco na minha vida nos dias após o acidente. Alguns funcionários me disseram que eu fui trabalhar, mas eu não consigo me lembrar de nada, só que a mãe do meu filho me acolheu na casa dela por alguns dias. Eu morava com meus pais, pois minha mãe estava se recuperando de um câncer de mama, e quando resolvi voltar para casa a sensação foi muito estranha: não tinha mais cheiro de gente.
A razão pela qual você vive desaparece. E é um momento perigoso, pois você está fragilizado e se pergunta onde aquelas pessoas estão, o que há depois da vida. Quando fui ao encontro de Entreajuda, na Igreja dos Mercês, conheci a meditação e isso foi importante. Lá você percebe que há muitas pessoas com problemas como o seu, ou piores, e que tragédias acontecem todo dia e o mundo não vai parar por causa disso. Depois que eles se foram, comecei a perceber mais o sofrimento do outro e a ter compaixão. Hoje estou reconstruindo a minha vida. Continuo a trabalhar com moda, mas não correndo o tempo todo. Estou estudando e dando aulas, coisa que eu escolhi porque gosto. Sinto que um dia ainda vou conseguir ajudar a aplacar a dor de alguém. (...)"
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