A irmã do meu marido
deu a luz ao Alexandre em Janeiro. Desde então, é muito difícil pra mim, ir até a
casa dos meus sogros devido a possibilidade dela e seus filhos estarem lá.
Mesmo que eles não estejam lá, eu tenho medo de que meus sogros falem sobre o
bebê. O consultório da minha Psicóloga fica em frente ao prédio onde a minha
cunhada mora, eu tenho medo de ao sair do consultório e encontrá-los. Após a
minha consulta com a Psicóloga, eu também não vou mais comer pastel na feira,
que fica bem pertinho, também por medo de encontrá-los. Não sei o que vou sentir, o que dizer, o que fazer, só em
pensar, já dá vontade de sair correndo e gritando. Meses antes, eu a
encontrei, ainda grávida, e com as filhas. Conversei um pouquinho, e ignorei
completamente aquela barriga enorme na minha frente. Não perguntei sobre o bebê, fiz de conta que aquela barriga era invisível, mesmo vendo e sentindo
ela viva, ali na minha frente. A minha cunhada, confesso que uma das pessoas
que lidou comigo da maneira mais sensível da família do meu marido, foi muito
compreensiva, também não falou nada sobre o bebê ou a gravidez, e perguntou se
estava tudo bem em casa, ao que eu respondi como sempre com um
coloquial tudo bem. Ela insistiu na
pergunta e eu na resposta, o que certamente me denunciou. Ela me convidou pra
subir até seu apartamento, ao que eu recusei, pois já tinha chamado um táxi –
isso não foi mentira! E nós nos despedimos. Antes ainda do bebê nascer, que eu
fiquei sabendo aproximadamente da data pelas conversas na casa dos meus sogros,
eu comprei algumas fraldas descartáveis, pois imaginei que naquele momento ela
já haveria comprado roupinhas o suficiente, e levei lá no apartamento. Eu fui
um pouco antes da minha consulta com a Psicóloga, desta forma, teria um bom
motivo pra fazer uma visita super rápida. Lá chegando, encontrei apenas as
meninas. Confesso que respirei
aliviada, deixei as fraldas, dei beijinhos nas meninas e sai com a sensação de: – Pelo menos eu tentei. Mas agora, eu não tenho coragem de ir lá. Talvez se
fosse apenas eu, a minha cunhada e o bebê, fosse possível, num encontro casual
no meio da rua, como eu já estou me acostumando a encontrar as milhares de
mulheres com seus bebês e carrinhos e bolsas na rua. Mas ir até lá e ver todo o
cenário: mãe, pai, bebê, quartinho, brinquedinhos, fotos. Impossível. Mais
ainda se a minha sogra estiver junto e ficar fazendo festa para o bebê (eu sei
que eles merecem) mas eu não aguento. Porque eu sonhei este momento pro Guilherme, a minha sogra paparicando e “babando”, como ela
faz com todos os bebês que vêem. E ele não pôde ter isso. E por isso eu vou
evitar este encontro o máximo possível. Bebês por bebês, eu vejo todos os dias,
pois acho que não contei, mas a minha vizinha de porta também teve bebê agora
no final do ano. A vizinha de baixo também: gêmeos. Às vezes eu escuto o
choro deles, e me dói muito. Às vezes, eu saio no corredor, sento na escada e
fico escutando e imaginando que aquele choro é do meu filho e depois volto pra
casa com a minha ilusão. Não faltam oportunidades de ver e ouvir bebês, às
vezes dói, às vezes não, mas ver a festa e os paparicos da minha sogra, isso é o que mais dói.
Daqui um tempo passa.
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