sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

O pior sentimento


Photo Credit: Andrewatla

Por acaso, descobri que a minha cunhada estava grávida. Durante a terapia, conversei sobre este novo fato com a Izadora, e como eu afirmei que não ia fazer nada a respeito, pois não tinha nada a ver com isto, ela me questionou sobre a possibilidade de que a família do Meu Bem pudesse me considerar invejosa. Eu fiquei indignada com esta possibilidade. Invejosa, eu?! Se isto passasse por suas mentes considerei que era um problema deles. Mas ao chegar em casa, corri para o dicionário e lá estava registrado:
"Inveja:
1. Desgosto, ódio ou pesar por prosperidade ou alegria de outrem.
2. Desejo de possuir ou gozar algum bem que outrem possui ou desfruta.
Invejar:
1. Ter inveja de; presenciar com desgosto e despeito a felicidade ou bem-estar alheio.
2. Aspirar ao que pertence a outrem, mas sem despeito nem baixeza."

Eu senti inveja, mas confesso que não foi fácil reconhecer nem admitir.
 Em geral, quando as pessoas vêem um bebê, sorriem, sentem o corpo se encher de alegria, perdem a noção do tempo (acho até que é uma reação fisiológica). As pessoas adoram bebês. Eu não. Em geral, as pessoas se enternecem com as grávidas se solidarizam e lhes amparam e acolhem. As pessoas adoram grávidas. Eu não.
Sempre que vejo uma grávida ou um bebê lhes desejo mentalmente muita saúde e felicidade. Mas vê-los me faz sofrer, eu sinto inveja de grávidas e mães com pequenos bebês no colo. Ver lojas de roupas de bebês, maternidades, programas de tv, fotos, me fazem sofrer. Sentir inveja é reprovável, mas confesso que é o único sentimento possível depois do que aconteceu, pelo menos pra mim. Se tudo seguisse uma ordem natural, quando uma mulher deixa de ser grávida ela se torna mãe. Mas algumas vezes não é assim que acontece. E como se chama a mulher que deixa de ser grávida e não passa a ser mãe? Não existe um substantivo para nomear este estado. Na verdade, é um estado que todos preferem acreditar que não existe, ou melhor, fazem de conta que não existe, por isto não tem um nome; por que nomear uma exceção à regra?

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