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Photo Credit: Andrewatla |
Por acaso, descobri
que a minha cunhada estava grávida. Durante a terapia, conversei sobre este
novo fato com a Izadora, e como eu afirmei que não ia fazer nada a respeito,
pois não tinha nada a ver com isto, ela me questionou sobre a possibilidade de
que a família do Meu Bem pudesse me considerar invejosa. Eu fiquei indignada
com esta possibilidade. Invejosa, eu?! Se isto passasse por suas mentes
considerei que era um problema deles. Mas ao chegar em casa, corri para o
dicionário e lá estava registrado:
"Inveja:1. Desgosto, ódio ou pesar por prosperidade ou alegria de outrem.2. Desejo de possuir ou gozar algum bem que outrem possui ou desfruta.Invejar:1. Ter inveja de; presenciar com desgosto e despeito a felicidade ou bem-estar alheio.2. Aspirar ao que pertence a outrem, mas sem despeito nem baixeza."
Eu senti inveja, mas
confesso que não foi fácil reconhecer nem admitir.
Em geral, quando as pessoas vêem um bebê,
sorriem, sentem o corpo se encher de alegria, perdem a noção do tempo (acho até
que é uma reação fisiológica). As pessoas adoram bebês. Eu não. Em geral, as
pessoas se enternecem com as grávidas se solidarizam e lhes amparam e acolhem.
As pessoas adoram grávidas. Eu não.
Sempre que vejo uma
grávida ou um bebê lhes desejo mentalmente muita saúde e felicidade. Mas vê-los
me faz sofrer, eu sinto inveja de grávidas e mães com pequenos bebês no colo.
Ver lojas de roupas de bebês, maternidades, programas de tv, fotos, me fazem
sofrer. Sentir inveja é reprovável, mas confesso que é o único sentimento
possível depois do que aconteceu, pelo menos pra mim. Se tudo seguisse uma
ordem natural, quando uma mulher deixa de ser grávida ela se torna mãe. Mas
algumas vezes não é assim que acontece. E como se chama a mulher que deixa de
ser grávida e não passa a ser mãe? Não existe um substantivo para nomear este
estado. Na verdade, é um estado que todos preferem acreditar que não existe, ou
melhor, fazem de conta que não existe, por isto não tem um nome; por que nomear
uma exceção à regra?
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