Ensaio sobre o cultivo de novos sonhos no espaço vazio deixado pela partida prematura de um filho, baseado na crença da imortalidade da alma.
domingo, 26 de setembro de 2010
Por quê?
Foi uma pergunta constante. Para respondê-la, eu revia novamente todo o filme, vasculhando cada detalhe a procura de um motivo. Na natureza há sempre uma razão para tudo o que acontece, mesmo que nós ainda não possamos identificar ou compreender.
Conheci a história do Arthur, o menor bebê do Brasil - e o quinto do mundo - , nasceu em 4 de agosto de 2006, na 25ª semana de gestação, pesando apenas 385g. Passou quatro meses na UTIN e foi para casa com 2,1Kg. Mas durante as primeiras semanas chegou a pesar 282g. "(...) A história do Arthur é uma vitória. Ele poderia ter desenvolvido uma infinidade de problemas: insuficiência cardíaca, respiratória, raquitismo, hérnia, doença metabólica, disfunção auditiva, mas não teve, disse o médico". Neste ano Arthur já comemorou o seu quarto aniversário.
Erin e sua irmã Sian nasceram na 24ª semana de gestação. Erin agarrou um dos dedos da sua mãe dando-lhe um pequeno aperto. Aos dois meses, Sian, não resititiu e se foi. Erin, que nasceu com 373g, passou onze meses no Hospital onde passou por alguns procedimentos cirúrgicos.
Cada um tem a sua história para viver, o Guilherme tinha pouco mais de um kg quando nasceu, mas não sobreviveu, por quê? Porque a nossa história era esta... E por quê? Atribuir a ocorrência simplesmente à dados estatísticos, ao acaso ou ao azar, não ajuda muito a compreender a necessidade de uma experiência como esta. Atribuir à vontade de Deus, ajuda menos ainda, pois, por que haveria Deus de desejar uma situação como esta e por que Ele haveria de me escolher, sendo que outras milhares de mulheres dão a luz diariamente. Seria muita injustiça, e por mais que eu até merecesse passar por um sofrimento destes, porque Deus ia condenar um bebê por causa de outras pessoas. Mas por quê, então? Em meio a estes questionamentos, cheguei a um ponto em que via dois caminhos a seguir, romper com Deus e com a religião, considerando que não foram capazes de me proteger e permitiram que nós sofrêssemos tanto, e me entregar a revolta, ou procurar na religião as respostas para estes por quês, refletir sobre elas, me aprofundar nos questionamentos, estudar e compreender. Eu escolhi a segunda opção.
A religião, seja ela qual for, neste momento tem papel fundamental na aceitação do fato e na resposta a estes porquês. E os argumentos vão preenchendo o vazio de cada ser, que transita por esta experiência. No meu caso, a crença na vida após a morte, na reencarnação e na justiça divina foram fundamentais. É consolador saber que o Guilherme permanece vivo. Compreender que a morte é um fenômeno natural, que faz parte de nossa existência, e que todos passaremos por este portal, uns, depois os outros. O Guilherme só foi muito antes do que eu poderia imaginar. Como já mencionei, nada acontece por acaso, todos os acontecimentos em nossa vida são orientados por um planejamento prévio, que considera as experiências necessárias ao nosso aprimoramento. As situações em que nos envolvemos são consequências de atos executados no passado, quer sejam na existência presente quer seja em vidas passadas, mas são sempre provocadas por nós mesmos, às vezes, em momentos de engano. Segundo a Doutrina Espírita, Deus na sua infinita bondade nunca permitiria que um filho seu sofresse, sem que isto fosse necessário, sem que um aprendizado. Se nós, em nossa inferioridade, procuramos evitar o sofrimento daqueles que amamos, imaginemos com que imenso amor Deus nos protege e nos impulsiona para as nossas realizações.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário