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Photo Credit: Plrang |
A medida que o tempo vai passando, surge a vontade de ter um outro filho. Primeiro impasse: preciso de um médico. Eu não tenho condições de voltar a me consultar com a médica que me acompanhou durante a gravidez do Guilherme. Primeiro pelo fato de reconstituir todo o filme a cada retorno ao consultório, segundo, por ela ter dito que eu devia adotar um bebê, sem ter feito nenhum exame adicional. Eu sei que ela é mãe adotiva, e que ela tentou aliviar a minha dor dando-me a sua opção. Entretanto, senti como se ela estivesse desistindo de mim e do meu filho. Foi inevitável que a relação de confiança que antes existia se rompesse. Apesar de não ir mais ao seu consultório, um dia tive a intuição de que devia escrever para ela, então aguardei a proximidade do Natal e escrevi um cartão, poucas palavras relativas à sua importância na tarefa de auxiliar muitos seres a renascer. Coloquei o cartão no envelope e deixei na portaria do prédio. Espero que ela tenha lido.
Mas a minha relação
com os médicos está muito estremecida, já visitei alguns, e a cada nova
consulta tenho que contar toda a história do Guilherme mais uma vez. Além
disso, a cada re-consulta, ouvir o médico ler todos os seus apontamentos da
história é terrível. Soma-se ainda ter que aguardar na recepção cercada por
grávidas e mães com bebês. É uma tortura. Mas para realizar um sonho, todo este esforço vale a pena. Pena que a nova gravidez não aconteceu tão rápido quanto a primeira. E com o passar do
tempo a expectativa é substituída por angústia. A cada tentativa, surge a
necessidade de um novo exame, um novo problema, ou simplesmente um resultado
negativo. Existem mulheres que passam anos na tentativa de engravidar, algumas
conseguem, outras não. Eu continuo lançando os dados.
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