sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Eu desejo a você, Meu Cometinha, e a todos os nossos companheiros de jornada...

Por Fábio Yabu

Já pensou se cada um se modificar, pelo menos um pouquinho?
No final de 2011 teremos muito mais a comemorar...
Então vamos começar com as pequenas mudanças, para depois enfrentar os grandes desafios.
Todos somos capazes de grandes transformações, pena que a nossa vontade de mudar não seja tão grande quanto a nossa capacidade de mudar.
Com este desejo de mudança, espero que possamos dar passos mais largos e audaciosos em direção a nossa real felicidade, certos que o caminho às vezes é tortuoso, mas que nunca estamos sozinhos.

Feliz Ano Novo!

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Insônia


Photo Credit: Sjtoh
Eu comecei a vivenciar episódios de insônia desde a partida do Guilherme. Ainda no hospital acordava várias vezes durante a noite. Já em casa, algumas vezes não tinha sono e vontade de dormir, em outras ocasiões acordava durante a noite e não conseguia mais dormir. Então eu me transferia da cama para o sofá da sala e assistia a TV até adormecer, ou até o dia amanhecer. Como o meu bom-humor é diretamente proporcional ao número de horas de sono, nem preciso dizer como me levantava... Esta rotina se alternava com noites bem dormidas por causa do cansaço causado pela ausência de sono na noite anterior. Eu sofri com a insônia por mais de um ano. Com o passar do tempo, a freqüência com que estes episódios ocorriam foi diminuindo. Além disso, eu já conseguia identificar fatos que me faziam perder o sono, como por exemplo, discutir à noite ou me sentir muito triste durante o dia. O que me permitiu administrar melhor a qualidade do meu sono. Ultimamente, é raro passar uma noite em claro, acontece, mas eu sempre consigo identificar a sua razão. Dicas como estas do Doutor Drauzio Varella, são muito úteis para melhorar a qualidade do sono, e percebo que também poderia ter procurado um médico para auxiliar no tratamento da insônia e melhorar a minha qualidade de vida neste período.

Insônia

"A insônia se caracteriza pela incapacidade de conciliar o sono e pode manifestar-se em seu período inicial, intermediário ou final.
O tempo necessário para um sono reparador varia de uma pessoa para outra. A maioria, porém, precisa dormir de sete a oito horas para acordar bem disposta. Pesquisas recentes sugerem que aqueles que consideram suficientes quatro ou cinco horas de sono por noite, na realidade, necessitariam dormir mais. Aparentemente, pessoas mais velhas dormem menos. Entretanto, o tempo que passam dormindo pode ser exatamente o mesmo da mocidade, dividido em períodos mais curtos e de sono mais superficial.
Localizar as causas da insônia pode ser facilitado pela polisonografia, um exame que monitora o paciente enquanto dorme.
Insônia pode ser tratada com medicamentos que devem ser prescritos pelo médico. Não se automedique.
Causas da insônia
A insônia pode ter causas orgânicas e psíquicas. Pesquisas apontam a produção inadequada de serotonina pelo organismo e o estresse provocado pelo desgaste quotidiano ou por situações-limite como causas mais importantes.

Recomendações
Algumas mudanças simples no estilo de vida podem ajudar a combater a insônia, mesmo quando ela for crônica:
  • Limite o consumo de cafeína presente no café, chás, colas, chocolates, etc. Até a cafeína usada como ingrediente de alguns alimentos pode prejudicar o sono das pessoas mais sensíveis;
  • Converse com seu médico sobre os remédios que esteja usando. Certos medicamentos descongestionantes podem ser tão estimulantes quanto a cafeína;
  • Exercite-se regularmente, mas não perto da hora de dormir. Atividade física regular é essencial para quem sofre de ansiedade e ajuda a dormir melhor. No entanto, a prática de exercícios vigorosos à noite pode atrapalhar o sono;
  • Estabeleça uma rotina para seu horário de dormir e de despertar. O relógio biológico responde melhor se habituado a horários regulares. Mesmo nos finais de semana, tente manter o esquema estabelecido para os dias úteis;
  • Procure relaxar antes de ir para cama. Ouça música, leia um pouco, converse, assista a um filme. Lembre-se de que, depois de uma noite de sono reparador, as soluções para os problemas podem fluir melhor. Se nada disso resolver, vale a pena buscar ajuda profissional;
  • Use técnicas de relaxamento. Progressivamente contraia e relaxe todos os músculos do corpo, começando pelos dedos dos pés e terminando na face. Massageie suavemente o couro cabeludo. Tente visualizar uma cena ou paisagem que lhe traga satisfação;
  • Tome um banho morno. Deixe a água escorrer pelo corpo durante algum tempo, pois isso ajuda a relaxar os músculos tensos;
  • Tome um copo de leite morno. O leite contém o aminoácido triptofano, que relaxa os músculos e induz o sono;
  • Experimente ingerir chás à base de ervas como camomila, erva-doce, erva-cidreira, etc. Eles têm sido usados há séculos por pessoas que garantem sua ação relaxante;
  • Certifique-se de que não há claridade no quarto e a temperatura é agradável. Mesmo pouca luz pode atrapalhar o sono de algumas pessoas.
  • Use protetores nos ouvidos, se o barulho incomoda e não há como eliminá-lo;
  • Escolha o colchão adequado para seu peso e altura. Colchões muito macios ou muito duros são contra-indicados;
  • Reserve a cama somente para dormir e para relações íntimas. Evite ler, ver TV, trabalhar e conversar no quarto;
  • Relações sexuais são relaxantes. Após o orgasmo, as pessoas tendem a ficar sonolentas;
  • Levante-se, se não conseguiu dormir depois de trinta minutos deitado. Ficar na cama acordado pode aumentar a ansiedade, a irritação e, conseqüentemente, a insônia. Procure distrair-se com alguma atividade tranqüila e depois, mais cansado, volte para a cama e tente dormir. Repita o esquema, se necessário. Usando essa técnica, muitas pessoas conseguem reverter o processo.

Advertência

Insônia crônica requer avaliação profissional. É indispensável descobrir o que está causando essa dificuldade para dormir, pois a ausência do sono reparador pode prejudicar a saúde física e mental dos indivíduos. Por isso, não é à toa que torturadores impedem que o acusado durma quando querem arrancar deles uma confissão."

***

José Luiz Condotta, em artigo para a Revista Internacional Espírita, reproduzido no site Portal do Espiritismo, fala sobre o Sono:

"(...) A importância do sono
O sono é de extrema importância  à eficácia do equilíbrio do ser humano para uma vida saudável. A insônia (falta de sono ou da capacidade para adormecer) pode acarretar inúmeros distúrbios orgânicos e psíquicos.

Nas suas fases, já citadas, o sono provoca a produção de muitos hormônios que desempenham papéis vitais no funcionamento do organismo humano. Citamos apenas alguns: no estágio 1 - sonolência - inicia a liberação de melatonina, que depende da incidência da luz ambiental, pela Glândula Pineal (representa o ponto de união do espírito ao corpo. É o relógio biológico, foco de ligação corpo-espírito em se dando através da quarta dimensão. Nos estágios 3 e 4 ocorrem os picos de liberação da leptina (controla a sensação de saciedade) e do hormônio do crescimento, que promove a síntese protéica, o crescimento e a reparação tecidular. O sono nestes estágios tem um papel anabólico: um período de conservação e recuperação da energia física. A falta de sono, além da interferência nestes hormônios, também inibe a produção de insulina e aumenta o cortisol (hormônio do estresse). Apenas com estas alterações já podemos imaginar o grau de desequilíbrio do organismo.

Prática clínica
A insônia representa a queixa mais comum na prática psiquiátrica diária. Está presente em quase a totalidade dos transtornos mentais. Os sintomas mais comuns, a curto e em médio prazo, relacionados a ela são: cansaço, sonolência durante o dia, irritabilidade, alterações do humor, perda de memória para fatos recentes, lentidão de raciocínio, dificuldade de concentração, falta de interesse, despertar precoce, maior propensão a infecções e obesidade, envelhecimento precoce e menor vigor físico.

Tratamento da insônia
É amplo e depende da visão que tem o médico sobre o sono. Alguns recorrem rapidamente ao uso de medicamentos hipnóticos (indutores do sono). Outros, antes da prescrição do medicamento, procuram minuciosamente a causa da insônia na história do cliente, a existência de hábitos inadequados para dormir; as preocupações excessivas, o conteúdo dos pensamentos (causa de muitos transtornos emocionais, na visão espírita) e o modo de vida. (...)

Para as preocupações e conteúdos dos pensamentos: a conscientização da problemática da qual faz parte e tentar encontrar a saída menos dolorosa para o estado aflitivo causador da insônia.

Para o estilo de vida, a reconstrução de um modo de viver sem estresse, sem perda de horas de sono, que muitas vezes o mundo moderno exige, são recomendações fundamentais.

O tratamento espiritual pode ser muito útil: meditação, prece, passes espiritistas, água fluidificada e, muitas vezes, a psicoterapia espiritual. (...)

É importante a conscientização do cliente de que não deve e não pode ficar sem o sono e que para isto deverá lançar mão de todas as alternativas que o leve a dormir, para restabelecer a normalidade do ciclo sono-vigilia e com isto o equilíbrio de todo o organismo."

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Sensação de infidelidade


Photo Credit: Xsmoke

Sinto muito por não ter pego o Guilherme no colo, e por isto não tenho coragem de ter nenhum outro bebê nos braços. Eu não quero ser infiel a ele, tendo carinho com outros bebês. Na minha família, por outro lado, muitas pessoas adoram paparicar outras crianças, quaisquer que sejam. Se desmancham em mimos, carícias e brincadeiras com qualquer bebê que apareça, e isso me irrita tanto, porque eu queria, eu sonhava, eu desejava, toda esta atenção para o Guilherme. Quando eu os vejo mimando outro bebê, é como se eles estivessem sendo infiéis ao Guilherme, como se não sentissem a sua ausência. E essas sensações ainda me trazem muito sofrimento, porque eu ainda não consegui compreendê-las.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Uma pausa para o Natal...

Photo Credit: Rafaortman


Desde que meus pais se separaram datas comemorativas perderam um pouco do seu significado, pois para mim sempre foram sinônimo de reunir a família, e hoje em dia, isto não é mais possível. Quando pensei que o Natal teria novamente as suas cores reavivadas por causa da chegada do Guilherme, infelizmente meus planos foram desfeitos. Então, encontro-me aqui em mais uma véspera de Natal, sem a casa decorada, com alguns presentes comprados, doente, mas com o coração repleto de esperança, certeza de estar no caminho certo, grata por estar cercada de pessoas tão especiais e feliz com o término de 2010 e o início de 2011. 

Assim, desejo a todos uma confraternização singela, paz e a companhia de Jesus,
Um Feliz Natal a todos, 
e em especial para o meu querido Guilherme,
Com amor,
Dani

O pior sentimento


Photo Credit: Andrewatla

Por acaso, descobri que a minha cunhada estava grávida. Durante a terapia, conversei sobre este novo fato com a Izadora, e como eu afirmei que não ia fazer nada a respeito, pois não tinha nada a ver com isto, ela me questionou sobre a possibilidade de que a família do Meu Bem pudesse me considerar invejosa. Eu fiquei indignada com esta possibilidade. Invejosa, eu?! Se isto passasse por suas mentes considerei que era um problema deles. Mas ao chegar em casa, corri para o dicionário e lá estava registrado:
"Inveja:
1. Desgosto, ódio ou pesar por prosperidade ou alegria de outrem.
2. Desejo de possuir ou gozar algum bem que outrem possui ou desfruta.
Invejar:
1. Ter inveja de; presenciar com desgosto e despeito a felicidade ou bem-estar alheio.
2. Aspirar ao que pertence a outrem, mas sem despeito nem baixeza."

Eu senti inveja, mas confesso que não foi fácil reconhecer nem admitir.
 Em geral, quando as pessoas vêem um bebê, sorriem, sentem o corpo se encher de alegria, perdem a noção do tempo (acho até que é uma reação fisiológica). As pessoas adoram bebês. Eu não. Em geral, as pessoas se enternecem com as grávidas se solidarizam e lhes amparam e acolhem. As pessoas adoram grávidas. Eu não.
Sempre que vejo uma grávida ou um bebê lhes desejo mentalmente muita saúde e felicidade. Mas vê-los me faz sofrer, eu sinto inveja de grávidas e mães com pequenos bebês no colo. Ver lojas de roupas de bebês, maternidades, programas de tv, fotos, me fazem sofrer. Sentir inveja é reprovável, mas confesso que é o único sentimento possível depois do que aconteceu, pelo menos pra mim. Se tudo seguisse uma ordem natural, quando uma mulher deixa de ser grávida ela se torna mãe. Mas algumas vezes não é assim que acontece. E como se chama a mulher que deixa de ser grávida e não passa a ser mãe? Não existe um substantivo para nomear este estado. Na verdade, é um estado que todos preferem acreditar que não existe, ou melhor, fazem de conta que não existe, por isto não tem um nome; por que nomear uma exceção à regra?

sábado, 11 de dezembro de 2010

Indignação

Photo Credit: Ilco

Depois que voltei a trabalhar fiquei mais exposta aos fatos do cotidiano. As idas e vindas do trabalho me traziam recordações, e às vezes me deixavam revoltada. No centro da cidade, infelizmente, é muito comum a presença de andarilhos, e com muita freqüência encontrei mães e seus bebês pedindo donativos. Foi muito difícil conviver com este tipo de cena. Por vezes eu tive vontade de dizer que cuidaria bem daquela criança, envolta em trapos e amparada pelos irmãos mais velhos (mas não muito mais velhos). Vi grávidas fumando. Senti tanta vontade de arrancar aquele cigarro de suas mãos. Infelizmente, nos noticiários, presenciamos histórias de aborto premeditado, abandono, violência, e todo tipo de exploração. Um dia, na loja de cosméticos da minha Sogra, vi uma grávida querendo comprar uma tinta para os cabelos. Minha cunhada disse que ela deveria conversar com o seu médico para saber quando poderia pintar os cabelos. Ela não se conformou e então a Flávia disse que infelizmente não poderia lhe vender o produto, certa de poderia fazer mal ao bebê. Espero que ela não tenha saído dali e comprado em outra loja. Eu tive vontade de lhe dizer que deveria proteger o seu bebê, mas não tive coragem. Fiquei dias pensando neste episódio e conclui que é fácil julgar, apontar o que cada um deve fazer, se indignar, mas compreender cada um, com toda a sua história de vida, suas motivações e anseios é difícil. Conhecer a fundo a história do outro, antes de tecer comentários, e conclusões ajuda. Me colocar em seu lugar e refletir sobre como me comportaria em sua posição também.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Reconstruindo – voltando ao trabalho


Photo Credit: Spekulator

Aos poucos percebi que devia deixar de lado os sonhos momentaneamente interrompidos, e rememorar antigos projetos que haviam sido deixados de lado ou, encontrar novas idéias e canalizar a energia destinada para cuidar do Guilherme em outra direção. É necessário reconstruir a vida e começar a partir da realização de algo novo se torna motivador. Confesso que não tinha vontade de voltar ao trabalho. Como eu tinha uma série de contas a pagar, inclusive várias parcelas no cartão de crédito referentes a berço, carrinho, roupas, etc., eu acabei não tendo escolha. Mas é difícil enfrentar todas as pessoas que com tanto carinho participaram da espera pelo Guilherme. A primeira coisa que tive que fazer, foi jogar fora tudo que estava na minha gaveta. Nela haviam estudos de distribuição dos móveis no quarto, revistas, orçamentos, agenda, anotações, livros. Apesar das dificuldades foi bom voltar a trabalhar pois fico feliz quando me sinto útil. Lentamente fui retomando as minhas atividades. Em alguns momentos eu ficava muito triste por causa de comentários ou das lembranças. No dia seguinte as coisas melhoravam. E estes momentos foram sempre se alternando, até hoje.  E assim fui colocando cada parte da minha vida no seu devido lugar, uma depois da outra. Tomando apenas o cuidado de separar o que é efêmero do que é permanente, o que depende de mim, do que não depende. Também tive a oportunidade de conhecer outras pessoas. Em todo este processo, algumas vezes recuei, algumas me decepcionei, outras me arrependi, mas logo recomecei. No início perseverar é mais importante que superar tudo o que aconteceu, até que a perseverança nos leve até a superação.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

E a vida continua

Photo Credit: Leonardini

Texto escrito por Letícia Barreto

"A vida clama por sentido. Quando somos abalados por uma perda, por uma tragédia, há um momento muito doloroso em que tudo parece ter perdido o sentido, a razão de ser. O inesperado, o que não devia acontecer, abala e aponta um longo caminho para lugar nenhum.
Algumas pessoas reagem de maneira positiva no meio do sofrimento. Foi o que Victor Frank observou nos campos de concentração, onde esteve internado por seis longos e sofridos anos. Ali perdeu sua esposa e todos seus parentes – pais, irmãos, tios... Tentando preencher seus pensamentos com as lembranças de seus estudos como psiquiatra, perguntava-se:
_ Por que alguns se desesperam e se suicidam atirando-se contra a cerca eletrificada com as últimas forças que lhe restam, e outros conservam a cabeça erguida, cantando hinos judaicos ou rezando o Pai Nosso, caminhando para o forno crematório?
Duas coisas preenchem nossa necessidade de sentido de vida, concluiu ele: uma pessoa ou uma causa. A pessoa (ou as pessoas) que amamos, com amor amadurecido feito de doação e entrega, fazem-nos dizer:
_ Fazer você feliz dá sentido à minha vida.
Algumas pessoas transformam esse Amor em uma causa, como Tereza de Calcutá em relação aos mais pobres e sofridos. Uma causa é um projeto, uma idéia, um sonho que nos dá ânimo e justifica nosso viver.
O API transforma-se em uma causa que dá sentido ao sofrer, quando percebemos a importância do apoio mútuo, da compreensão e solidariedade que emerge entre os que compartilham perdas irreparáveis.
Não ter medo de continuar amando filhos, companheiros, pessoas que permanecem conosco, enfrentar o grande risco de “amar-e-perder”, é outro desafio que a ausência doída, e sempre presente, nos faz.
Uma “ausência presente” parece um paradoxo. Lacan já dizia que a ausência só acontece se ali, antes, houve uma presença. É a presença de filhos, esposo ou esposa, pai ou mãe que partiram que continuará dando sentido à vida – o amor por eles há de ser positivo, feito de lembranças que convém conservar, sabendo-se que a vida continua ...
Há pessoas que evitam lugares onde as grandes perdas ocorreram – “não vou mais à praia”, “nunca mais vou encarar uma viagem de carro”.
Interromper a vida é negar o bem que nos foi dado. Quem tem um “para que” viver, suportará as condições mais difíceis. Se isso aconteceu em campos de concentração, poderemos ir em frente, carregando a ausência-presença que é memória, saudade, o que deu sentido à vida e... continua dando.
Transformar o ausente, em uma presença viva que nos torna melhores, mais amigos, mais solidários... isso dá sentido à vida que permanece.
Bem dizia Saint’Exupéry: “o que dá sentido à vida, dá sentido à morte”.
Dupla é a nossa missão, diante de perdas irreparáveis: manter o sentido de nossa própria vida (amando e trabalhado por um projeto) e também dar sentido à vida que se foi, interrompida mas conservada na grandeza, no drama, no amor que transcende qualquer circunstância."

sábado, 4 de dezembro de 2010

Espelho, espelho meu...

Photo Credit: Brego12

Pesquisando na internet encontrei um blog tão delicado e repleto de carinho que fiquei envolvida em um imenso amor. Eu só parei de ler por causa dos olhos cheios de lágrimas. Como é possível sentir tamanha sintonia através da leitura de alguns textos? Só mesmo compartilhando uma experiência tão profunda. Ao ler o blog Pensando na Carol,  também fiquei pensando na Carol, um anjo tão especial, amado por pais tão dedicados, que vão lhe enviar seu amor por toda a vida. Depois que conheci a Carol, nunca mais pensei no Guilherme sozinho, isso me deixou, de certa forma, feliz. Eu penso no Guilherme, eu o amo e gostaria que ele estivesse aqui, mas como não está, eu penso nele como penso nos meus amores que estão em viagem ao exterior. Não se e quando voltarão, nem sei se poderei revê-los, mas isto não impede que eu deseje que eles estejam bem, felizes, trabalhando, que eu os ame e tenha certeza de que em algum dia nos reencontraremos, conversaremos durante muito tempo até que todas as novidades sejam contadas, e tudo que está guardado seja dito. Quando sinto saudades, imagino tudo o que eu gostaria que ele visse e desfrutasse, as árvores, as flores, a Jolie, os passeios de bicicleta, os livros e os lápis de cor. Eu creio que nós poderemos nos reencontrar em outro momento, nesta ou em outra existência, na vida material ou espiritual (1). A distância não me impede de amá-lo. Mas a minha dor me impede de viver plenamente a minha vida. Pensando na Carol e no Guilherme, fica a sensação de que a minha dor não pode ser maior que o amor que uma mãe tem por um filho. E como expressar esse amor? Com uma vida cheia de amarras, melindres, impasses? Acho que tenho um grande trabalho pela frente a fim de vencer esta dor de forma que reste apenas o amor.

(1) Vida espiritual x vida material

"Uma vez que o estado espiritual é o estado definitivo do espírito e o corpo espiritual não morre, deve ser esse também o seu estado normal. O estado corporal é transitório e passageiro. É no estado espiritual, sobretudo, que o espírito colhe os frutos do progresso realizado pelo trabalho da encarnação; é também nesse estado que se prepara para novas lutas e toma as resoluções que há-de pôr em prática na sua volta à humanidade.(...)"
Curso Básico de Espiritismo - Cap. 3 - Da Volta do Espírito, extinta a vida corporal, à vida espiritual


"(...)O progresso dos Espíritos ocorre pela encarnação, que é imposta a alguns como expiação e a outros como missão. A vida material é uma prova que devem suportar várias vezes, até que tenham atingido a perfeição absoluta. É uma espécie de exame severo ou de depuração, de onde saem mais ou menos purificados.(...)"
Introdução ao estudo da Doutrina Espírita