segunda-feira, 12 de setembro de 2011

As perguntas já não me atormentam mais

Photo Credit: Lize Rixt


Hoje fui a uma reunião e encontrei algumas colegas da faculdade, havia muito tempo que não nos encontrávamos, e uma delas me perguntou: - E você, não estava grávida? E eu respondi, sim, meu filho nasceu mas não resistiu. Com uma naturalidade que me surpreendeu. E em seguida, perguntei, sobre o filho dela, ao que ela respondeu que agora tem três, e contou que é uma loucura... E eu, fiquei numa boa, não tive a habitual vontade de sair correndo só porque alguém me perguntou sobre o Guilherme. Na hora do almoço, outra conhecida, fez a habitual pergunta: E você, já tem filhos? Ao que eu respondi: Tive, mas ele faleceu pouco depois de nascer, com a mesma naturalidade. E conversamos sobre isto mais uns instantes. Ela me disse que casou e que ainda não quer ter filhos, precisa fazer o Doutorado primeiro, por causa de uma cobrança do trabalho. E também tem medo de deixar para muito tarde e se tornar difícil. Eu disse que não devia se preocupar pois cada um tem a sua história e se temos que passar por uma determinada situação passaremos independente do momento, hoje, amanhã, ou daqui a dez anos... Mas disse também que já me culpei por não ter ficado grávida mais cedo. Foi legal. Não me perdi na minha dor dessa vez... E dei o meu testemunho, com calma e paz. Fiquei orgulhosa de mim mesma.

terça-feira, 26 de julho de 2011


Ouvir ou ler o nome do Guilherme sempre me emociona, hoje passei por um carro com um adesivo onde estava escrito: “Guilherme a bordo” e pensei o quanto teria sido bom se nós pudéssemos ter colocado em nosso carro um adesivo igual. Sempre me deparo com outros Guilhermes, no trabalho, crianças e adultos na rua, no banco, no mercado, personagens na novela. Nas primeiras vezes foi difícil,ouvir seu nome me fazia reviver toda a nossa história, mas depois eu fui me acostumando e aproveitando a oportunidade para lembrar com carinho do nosso Guilherme. O começo desta mudança ocorreu cerca de uns sete meses após o seu nascimento, por causa de uma brincadeira no trabalho: Nossas atividades estavam distribuídas em equipes lotadas no interior do Estado, e o responsável por uma destas equipes se chamava Guilherme, e ele tinha dificuldades para por em prática as nossas instruções. E a cada vez que ele ligava e eu ouvia seu nome, aquela dorzinha no peito aparecia. Ele ligava diariamente, mesmo assim não conseguíamos nos entender. Um dia, uma amiga do trabalho, a Beatriz, começou a dar instruções ao Guilherme, e então ele disse: agora que a Beatriz me explicou, eu entendi! E a partir de então, isto virou uma piada interna. Pra toda a equipe, esta “compatibilidade de gênios” só podia terminar no altar. O Guilherme continuava a ligar diariamente, e claro, ninguém se propunha a atender, deixávamos sempre pra Beatriz dar as instruções e “matar a saudade”. E quando eles se conheceram pessoalmente, então?! Quase houve uma explosão, tal a química que surgiu, pelo menos nas nossas cabeças era isto que acontecia... Eles só não viveram felizes para sempre porque o Guilherme já era casado, e mora a muitos quilômetros daqui. Mesmo assim, com base na máxima “Burro amarrado também pasta”, citada pela nossa amiga Leila, continuamos a incentivar este “amor proibido”. Infelizmente, este lindo caso de amor não teve um final feliz, pois o Guilherme mudou de emprego, e nem conseguiu se despedir de sua amada Beatriz.

Hoje, passados exatos três anos, ouvir o seu nome, só me faz sentir uma saudade e um desejo de que ele seja, como o significado do seu nome indica,”... um homem que se orgulha da sua força (física, mental ou moral) e se vale dela para auxiliar a pessoas de quem gosta. Do alemão "protetor, defensor"...” (http://www.portalbrasil.net/nomes/g.htm)

Feliz aniversário, meu filho

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Comercial Dia das Mães 2010 - Lojas Renner


Photo Credit: Nnastold
 
Eu amei a propaganda do Dia das Mães das Lojas Renner do ano de 2010. Espero que você a tenha visto também. Em aprecio propagandas inteligentes, bem-humoradas e bem produzidas, pena que nem sempre os produtos "vendidos" estejam a altura do comercial, como no caso de bebidas, por exemplo.
Mas na época do Dia das Mães é difícil assistir aos intervalos comerciais, pois a todo momento vêem-se  mães e filhos desfilando, sorrindo e comemorando. Mas esse comercial das Lojas Renner foi de uma sensibilidade incrível, e de um otimismo contagiante, sendo capaz de homenagear tanto mães como as "treinantes". Agradeço às lojas Renner, Agência Paim, O2 Filmes e ao Diretor Cesar Charlone, por incluir muitas mulheres nas comemorações deste dia tão especial. Se você ainda não viu ou gostaria de ver novamente, acesse o link, e renove suas esperanças para comemorar os próximos Dias das Mães.

sábado, 2 de julho de 2011

Foi por pouco...

Photo Credit: Billy Alexander

Um dia desses a minha Sogra me contou sobre uma benzedeira que já ajudou na cura de muitas pessoas com o preparo de uma mistura de ervas. Muito embora eu não tenha por hábito recorrer a este tipo de tratamento, eu disse a ela que quando estivesse preparada pediria pra visitar a benzedeira e se fosse conveniente, tomar o remédio. Disse isto, pois ainda estava aguardando o resultado dos exames da Tireóide, para então procurar por outros tipos de ajuda para engravidar. Acho que se dependesse da minha iniciativa não recorreria a este tipo de tratamento, pelo menos por enquanto, mas como o mais importante é a fé que se tem, e como a minha Sogra demonstrou acreditar tanto no poder do remédio, acreditei que esse remédio só pode ser útil. 
Passado alguns dias desta conversa, o Meu Bem, chega e casa com duas garrafas de 2 litros, cheias de um líquido castanho. E eu perguntei: - Pra quem é tudo isso? E ele respondeu: - Minha mãe mandou pra você. No fundo eu já sabia da resposta, mas esperava estar errada.
Em seguida, ele disse que eu devia acreditar no poder do remédio, porque ele mesmo já havia sido curado de bronquite quando era criança desta maneira. Apesar de me sentir desrespeitada, eu resolvi tomar o remédio. E lá veio ele com um copo cheio. A mistura tinha um gosto um pouco enjoativo, além de ervas deve conter mel. Mas foi só terminar de tomar que eu fiquei enjoada e minha cabeça começou a latejar, e fiquei assim por três dias. Assim que comecei a passar mal, meu marido ligou para a mãe e os dois chegaram a conclusão que eu havia tomado muito mais do que devia. Tomei um copo, quando deveria ter tomado o equivalente a um copinho de café. Detalhe, que alguém esqueceu de mencionar... Apesar da intoxicação, eu sei que tanto o Meu Bem quanto a minha Sogra, tinham as melhores intenções...

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Listinha de filmes inspiradores

Photo Credit: Plattmunk



Segue uma pequena lista de filmes que abordam questões sobre a vida e a morte, uns de forma sutil, outros de forma mais contundente. Um belo programa para o feriado!

PS.: Eu te amo
Um filme delicado, que trata sobre como enfrentar o luto, reconhecendo no passado a felicidade, mas direcionando o olhar para o futuro.
A sinopse deste filme e mais alguns detalhes podem ser encontrados em http://www.adorocinema.com/filmes/ps-eu-te-amo/

O Jardineiro Fiel
Um filme intrigante, a perda ocorre em meio a uma luta maior, para muitos pode passar despercebida, mas para mim, mostrou a importância de se ter uma causa a qual dedicar a vida.
A sinopse deste filme e mais alguns detalhes podem ser encontrados em http://www.adorocinema.com/filmes/jardineiro-fiel/

UP – Altas Aventuras
Aparentemente, mais uma animação. Mas apresenta como é possível ser feliz apesar da perda e a importância de lutar por nossos sonhos.
A sinopse deste filme e mais alguns detalhes podem ser encontrados em

Marley e eu
Um filme sobre a construção de amizade e amor entre humanos e animais, e de repente pode-se ver como a nossa vida se torna especial quando a compartilhamos com um amigo canino. A sinopse deste filme e mais alguns detalhes podem ser encontrados em http://www.adorocinema.com/filmes/marley-e-eu

terça-feira, 14 de junho de 2011

Pausa para o café

Photo Credit: Mart1n

A água fervente deslizando em meio ao pó escuro libera o aroma delicioso e se colore de negro. O líquido transformado, em alta temperatura é despejado em pequena xícara e o vapor dança em frente aos nossos olhos. Após alguns longos segundos a pequena xícara é levada até a boca, por mãos ansiosas por desfrutar o prazer. No encontro entre corpo e néctar, as papilas gustativas se contraem e na mente se forma o gosto amargo da ausência do açúcar. Uma reação que destrói o encanto e a magia do ato. Que desfaz toda a expectativa de saciedade. Sensação que só termina com a substituição por outro sabor que venha nos libertar desta amargura na boca.

***

Se o sabor amargo tem o poder de impregnar nosso paladar, que dizer quando a amargura toma conta de nossa vida, impregnando nossos sonhos, nossos pensamentos e ações? Que sabor experimentamos diariamente ao levantar da cama, que sabor tem nossos beijos em nossos entes queridos. E o que resta de nosso trabalho e estudo se estão imersos no sabor amargo. Muitas pessoas já se acostumaram tanto ao sabor amargo que nem mais o percebem como tal. De acordo com o dicionário, amargura é tristeza, pena, angústia, aflição: curtir a amargura. Acerbidade, acrimônia, azedume: criticou com amargura. Sabor amargo: a amargura da quinina. Como exemplos temos, Rua da amargura, sabor amargo da derrota, chocolate amargo, café amargo. 

De acordo com Joanna de Ângelis a amargura é um agente de transtorno depressivo que nos faz caminhar na direção contrário a do crescimento espiritual. E se caracteriza quando a tristeza, angústia ou melancolia, dominam todas as nossas paisagens mentais nos controlando. Suas origens se encontram tanto em fatos pretéritos, geralmente relacionados a questões de apego, conflitos, frustrações e perdas, quanto na incerteza do futuro. Podem residir também em nossos atos realizados em outras vidas. De acordo com Joanna de Ângelis, 
“... O coração fecha-se quando agasalha a amargura, dá campo ao pessimismo, acumula recriminações e azedume, coleciona ressentimentos... De imediato, a saúde cambaleia, e, aprisionado nesse labirinto de aflições, o ser desgasta-se e perde a direção de si mesmo...” (1)
Para vencer a amargura, seguem algumas dicas reunidas a partir da leitura de diversos autores ((2)(3)(4)(5)):
      Identificar e combater a origem da amargura
      Prece
      Racionalizar
      Contestar
      Procurar distração saudável
      Cultivar pensamentos positivos
      Refletir 
      Mudança de estado de espírito 
      Mudança de hábitos
      Exercícios aeróbicos
      Exercícios ao ar livre
      Exercício da fraternidade
      Cultivar a auto-estima
      Cuidar da aparência
      Trabalhar em conjunto com grupos de apoio – compartilhar experiências
      Vivenciar pequenas vitórias
      Ver a situação por outro ponto de vista

“... As dificuldades, de toda ordem, são inerentes à nossa condição humana, –, o fato é que o Pai (Deus) precisa nos encontrar executando as tarefas que nos competem para poder nos ajudar. Então, permaneçamos atentos, agradecendo ao Pai as oportunidades oferecidas, e assim, Seus Mensageiros encontrarão, na própria tarefa, os meios de nos socorrer. Por tudo isso, é importante prosseguirmos ajudando os outros dentro das nossas limitações. Poderemos ser ou estar limitados neste momento, mas não poderemos ser ou estar ociosos, física e/ou intelectualmente...”
(Leda Maria Flaborea)
“...A amargura é vapor morbífico que se exterioriza do sentimento doentio e domina as paisagens da mente, assim como da emoção. Todo o empenho para diluí-la é a proposta-desafio para quem pensa e anela por felicidade hoje e no futuro...” (6)
Este é o resumo de uma palestra que eu apresentei no meu Grupo de Estudos sobre Educação dos Sentimentos. Nosso estudo se baseia na obra Autoconhecimento - uma busca interior (6). E o nosso coordenador propôs que cada integrante apresentasse um capítulo do livro. Entre diversos temas escolhi AMARGURA, por este ser um sentimento muito familiar. Desta forma pude refletir sobre o tema com base no texto, mas também em meus sentimentos e experiências. Assim foi possível compreender melhor este sentimento e encontrar formas de transformá-lo em algo útil e positivo.

Referências Bibliográficas

(1) Amor e saúde – texto ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco, acervo de mensagem do Momento Espírita.
(2) Para viver a grande mensagem - Escrito por Richard Simonetti.
(3) Educação dos Sentimentos - Escrito por Jason de Camargo.
(4) Equilíbrio Íntimo pelo Espiritismo - Escrito por Geziel Andrade.
(5) Inteligência Emocional - Escrito por Daniel Goleman.
(6) Autoconhecimento - uma busca interior - Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco.

sábado, 21 de maio de 2011

Preparativos

Photo Credit: Peabody111


Eu li apenas um capítulo do livro Gestação à luz do afeto, de autoria de Anabela Sabino, onde encontrei algumas dicas fundamentais tanto pra quem deseja ter um filho, como para quem quer viver em paz: como cultivar a harmonia no lar. 
De acordo com a autora, aqueles que desejam ter filhos devem se preparar tanto fisicamente, quanto mentalmente. O que significa criar um ambiente mental agradável, amistoso, amoroso, acolhedor, para que esta atmosfera atraia aqueles espíritos que precisam compartilhar conosco a sua existência, mostrando-lhes que tipo de lar os espera. Mostrando-lhes que em nosso lar encontrarão um porto seguro, um recanto de paz. E se nosso lar ainda não é um modelo de harmonia, creio que este é um bom projeto ao qual se dedicar! Com certeza, os primeiros a serem beneficiados serão aqueles que já fazem parte da família, e é possível que esta mudança de atitude faça com que outros desejem fazer parte desta família também...
Claro que muitas famílias se formam em completa desarmonia, e em meu limitado entendimento acolhe mais filhos do que se pode crer possível, enfrentando as maiores adversidades. Por outro lado, se temos tempo e a oportunidade de criar um ambiente de verdadeira comunhão, propício para o desenvolvimento saudável de uma criança, devemos aproveitá-lo. Nos é dado tempo para preparar o solo, o que certamente nos trará uma colheita muito mais produtiva!

sábado, 23 de abril de 2011

Você sabe da última?


Photo Credit: Selena Pag


Passei os últimos seis meses tentando engravidar, como ainda não deu certo meu médico resolveu investigar duas possibilidades: os ovários policísticos e disfunções da Tireóide, pois ambos influem nos ciclos ovulatórios. Sempre convivi com ovários policísticos e para minha surpresa foram os exames da Tieróide que apresentaram alterações. Tive então que procurar um Endocrinologista, que após mais alguns exames, me diagnosticou com hipertireioidismo, cujo tratamento não pode, ou melhor não deve ser feito durante a gestação. Fiquei mais uma vez arrasada, pois o tratamento deve durar cerca de um ano e até lá devo adiar meu sonho de ser mãe. Cada um destes acontecimentos que parecem me afastar de meu ideal, doem como açoites. Assim que recebi esta notícia me lembrei da Áurea, e de sua longa trajetória, fé e perseverança, numa tentativa de me inspirar em seu exemplo e seguir em frente. Eu nem gosto de jogos eletrônicos, mas faço uma associação com as barras de energia, que vão diminuindo conforme o jogo vai transcorrendo até que o personagem tem que recarregá-las e continuar lutando. Às vezes eu me sinto como estes personagens, cuja energia, força, magia, estão em níveis críticos, sem encontrar meios para repor estas capacidades. Ao perceber que teria que conviver com a frustração por mais um ano, não segui o melhor caminho, acabei saindo totalmente do meu regime, perdi um pouco a libido, me isolei um pouco mais. Usei este tempo para refletir, tentar descobrir onde estava errando, ou o que faltava fazer, e percebi que  já perdi muitas coisas, mas não estou disposta a perder nada que dependa só de mim alcançar. Então minha meta para os próximos meses é saúde integral, peso ideal e novos projetos, como voltar a estudar e seguir uma nova carreira.

Ps.: Desculpem pela demora em escrever, estive cuidando da saúde nos últimos dias e sem condições de escrever com a mesma freqüência.

quarta-feira, 23 de março de 2011

O nascimento do meu sobrinho


Photo Credit: Ldmdl

A irmã do meu marido deu a luz ao Alexandre em Janeiro. Desde então, é muito difícil pra mim, ir até a casa dos meus sogros devido a possibilidade dela e seus filhos estarem lá. Mesmo que eles não estejam lá, eu tenho medo de que meus sogros falem sobre o bebê. O consultório da minha Psicóloga fica em frente ao prédio onde a minha cunhada mora, eu tenho medo de ao sair do consultório e encontrá-los. Após a minha consulta com a Psicóloga, eu também não vou mais comer pastel na feira, que fica bem pertinho, também por medo de encontrá-los. Não sei o que vou sentir, o que dizer, o que fazer, só em pensar, já dá vontade de sair correndo e gritando. Meses antes, eu a encontrei, ainda grávida, e com as filhas. Conversei um pouquinho, e ignorei completamente aquela barriga enorme na minha frente. Não perguntei sobre o bebê, fiz de conta que aquela barriga era invisível, mesmo vendo e sentindo ela viva, ali na minha frente. A minha cunhada, confesso que uma das pessoas que lidou comigo da maneira mais sensível da família do meu marido, foi muito compreensiva, também não falou nada sobre o bebê ou a gravidez, e perguntou se estava tudo bem em casa, ao que eu respondi como sempre com um coloquial tudo bem. Ela insistiu na pergunta e eu na resposta, o que certamente me denunciou. Ela me convidou pra subir até seu apartamento, ao que eu recusei, pois já tinha chamado um táxi – isso não foi mentira! E nós nos despedimos. Antes ainda do bebê nascer, que eu fiquei sabendo aproximadamente da data pelas conversas na casa dos meus sogros, eu comprei algumas fraldas descartáveis, pois imaginei que naquele momento ela já haveria comprado roupinhas o suficiente, e levei lá no apartamento. Eu fui um pouco antes da minha consulta com a Psicóloga, desta forma, teria um bom motivo pra fazer uma visita super rápida. Lá chegando, encontrei apenas as meninas. Confesso que respirei aliviada, deixei as fraldas, dei beijinhos nas meninas e sai com a sensação de: – Pelo menos eu tentei. Mas agora, eu não tenho coragem de ir lá. Talvez se fosse apenas eu, a minha cunhada e o bebê, fosse possível, num encontro casual no meio da rua, como eu já estou me acostumando a encontrar as milhares de mulheres com seus bebês e carrinhos e bolsas na rua. Mas ir até lá e ver todo o cenário: mãe, pai, bebê, quartinho, brinquedinhos, fotos. Impossível. Mais ainda se a minha sogra estiver junto e ficar fazendo festa para o bebê (eu sei que eles merecem) mas eu não aguento. Porque eu sonhei este momento pro Guilherme, a minha sogra paparicando e “babando”, como ela faz com todos os bebês que vêem. E ele não pôde ter isso. E por isso eu vou evitar este encontro o máximo possível. Bebês por bebês, eu vejo todos os dias, pois acho que não contei, mas a minha vizinha de porta também teve bebê agora no final do ano. A vizinha de baixo também: gêmeos. Às vezes eu escuto o choro deles, e me dói muito. Às vezes, eu saio no corredor, sento na escada e fico escutando e imaginando que aquele choro é do meu filho e depois volto pra casa com a minha ilusão. Não faltam oportunidades de ver e ouvir bebês, às vezes dói, às vezes não, mas ver a festa e os paparicos da minha sogra, isso é o que mais dói. Daqui um tempo passa.

domingo, 13 de março de 2011

Por que sofremos?

Photo Credit: Edmondo

Em um determinado momento me vi a questionar sobre o porquê dos acontecimentos infelizes em nossas vidas. Por que perdemos um filho querido? Por que ficamos doentes? Por que passamos por dificuldades? Por que os nossos desejos não se realizam? Por que alguns se encontram em situações mais “felizes” que a nossa? E foi inevitável colocar minhas crenças em cheque. Em busca de respostas fui recuperar alguns conceitos na Doutrina Espírita, para embasar as minhas reflexões.
Depois de muita leitura, estudos, conversas, palestras, vídeos, consegui chegar a algumas conclusões interessantes. Hoje, eu agradeço a Deus pela breve passagem do Gui em nossas vidas. Com ele aprendi que os filhos não nos pertencem, suas vidas não nos pertencem. Nossos caminhos seguiram direções distintas, mas poderemos nos reencontrar, em sonhos ou em outras reencarnações. Cada um de nós tem uma programação de vida, e na programação do Guilherme não era necessária a experiência de viver atrelado a um corpo físico que poderia ter uma série de limitações, devidas aos instantes de falta de oxigenação de seu cérebro. Já na nossa programação, havia a necessidade de enfrentarmos uma separação tão repentina, de lidar com esta perda. As experiências pelas quais passamos tem relação com nossos atos em vidas passadas e nas escolhas diárias, e estão sempre em acordo com a Lei de Causa e Efeito, tendo por objetivo maior a nossa melhoria íntima. Reconhecer em cada experiência uma oportunidade de aprendizado, exercitar a resignação, paciência, fé, amor, esperança, desapego, é o nosso desafio diário.

***

“Objetivo da encarnação

Questão 132 de O livro dos Espíritos (LE): Qual é o objetivo da encarnação dos Espíritos?
– A Lei de Deus lhes impõe a encarnação com o objetivo de fazê-los chegar à perfeição. Para uns é uma expiação; para outros é uma missão. Mas, para chegar a essa perfeição, devem sofrer todas as tribulações da existência corporal: é a expiação. A encarnação tem também um outro objetivo: dar ao Espírito condições de cumprir sua parte na obra da criação. Para realizá-la é que, em cada mundo, toma um corpo em harmonia com a matéria essencial desse mundo para executar aí, sob esse ponto de vista, as determinações de Deus, de modo que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.
A ação dos seres corpóreos é necessária à marcha do universo. Deus, em sua sabedoria, quis que, numa mesma ação, encontrassem um meio de progredir e de se aproximar Dele. É assim que, por uma lei admirável da Providência, tudo se encadeia, tudo é solidário na natureza.
Questão 133 (LE): Os Espíritos que, desde o princípio, seguiram o caminho do bem, têm necessidade da encarnação?
– Todos são criados simples e ignorantes e se instruem nas lutas e tribulações da vida corporal. Deus, que é justo, não podia fazer só alguns felizes, sem dificuldades e sem trabalho e, por conseguinte, sem mérito.
Questão 133 a (LE): Mas, então, de que serve aos Espíritos seguirem o caminho do bem, se isso não os livra das dificuldades da vida corporal?
– Eles chegam mais rápido à finalidade a que se destinam; e, depois, as dificuldades da vida são muitas vezes a conseqüência da imperfeição do Espírito. Quanto menos imperfeições, menos tormentos. Aquele que não é invejoso, ciumento, avarento ou ambicioso não sofrerá com os tormentos que procedem desses defeitos.

“Destinação das crianças após a morte

Questão 197 (LE): O Espírito de uma criança que desencarna em tenra idade poderá ser tão avançado quanto o de um adulto?
– Algumas vezes é mais, porque pode ter vivido muito mais e ter mais experiência, principalmente se progrediu.
Questão 197 a (LE): O Espírito de uma criança pode, então, ser mais avançado do que o de seu pai?
– Isso é muito freqüente. Vós mesmos não vedes isso muitas vezes na Terra?
Questão 198 (LE): De uma criança que morre em tenra idade, e, portanto, não tendo praticado o mal, podemos supor que seu Espírito pertença aos graus superiores?
– Se não fez o mal, não fez o bem, e Deus não a isenta das provações que deve passar. Seu grau de pureza não ocorre porque tenha animado o corpo de uma criança, mas pelo progresso que já realizou.
Questão 199 (LE): Por que a vida é muitas vezes interrompida na infância?
– A duração da vida de uma criança pode ser, para o Espírito que nela está encarnado, o complemento de uma existência anterior interrompida antes do tempo. Sua morte é, muitas vezes, também uma provação ou uma expiação para os pais.
Questão 199 a (LE): O que acontece com o Espírito de uma criança que morre em tenra idade?
– Ela recomeça uma nova existência.
Se o homem tivesse apenas uma existência e se, depois dela, sua destinação futura fosse fixada perante a eternidade, qual seria o mérito de metade da espécie humana que morre em tenra idade, para desfrutar, sem esforços, da felicidade eterna? E com que direito ficaria desobrigada e livre das condições, muitas vezes tão duras, impostas à outra metade? Tal ordem de coisas não estaria de acordo com a justiça de Deus. Pela reencarnação, a igualdade é para todos. O futuro pertence a todos sem exceção e sem favorecer a ninguém. Os que se retardam não podem culpar senão a si mesmos. O homem deve ter o mérito de seus atos, como tem de sua responsabilidade.
Além do mais, não é racional considerar a infância como um estado normal de inocência. Não se vêem crianças dotadas dos piores instintos numa idade em que a educação ainda não pôde exercer sua influência? Não há algumas que parecem trazer do berço a astúcia, a falsidade, a malícia, até mesmo o instinto de roubo e de homicídio, apesar dos bons exemplos que lhe são dados de todos os lados? A lei civil as absolve de seus delitos, porque considera que agem sem discernimento. E tem razão, porque, de fato, agem mais instintivamente do que pela própria vontade. Porém, de onde podem se originar esses instintos tão diferentes em crianças da mesma idade, educadas nas mesmas condições e submetidas às mesmas influências? De onde vem essa perversidade precoce, senão da inferioridade do Espírito, uma vez que a educação em nada contribuiu para isso? As que são dadas a vícios, é porque seu Espírito progrediu menos e, portanto, sofrem as conseqüências, não por seus atos de infância, mas por aqueles de suas existências anteriores. E é desse modo que a lei é igual para todos, e a justiça de Deus a todos alcança.”


Há muitas moradas na Casa de meu Pai.
(Jesus –João, 14:2)

“1. Não se turbe o vosso coração. - Credes em Deus, crede também em mim. Há muitas moradas na casa de meu Pai; se assim não fosse, já eu vo-lo teria dito, pois me vou para vos preparar o lugar. - Depois que me tenha ido e que vos houver preparado o lugar, voltarei e vos retirarei para mim, a fim de que onde eu estiver, também vós aí estejais. ( S. JOÃO, cap. XIV, vv. 1 a 3.)


Diferentes estados da alma na erraticidade

2. A casa do Pai é o Universo. As diferentes moradas são os mundos que circulam no espaço infinito e oferecem, aos Espíritos que neles encarnam, moradas correspondentes ao adiantamento dos mesmos Espíritos.
Independente da diversidade dos mundos, essas palavras de Jesus também podem referir-se ao estado venturoso ou desgraçado do Espírito na erraticidade. Conforme se ache este mais ou menos depurado e desprendido dos laços materiais, variarão ao infinito o meio em que ele se encontre, o aspecto das coisas, as sensações que experimente, as percepções que tenha. Enquanto uns não se podem afastar da esfera onde viveram, outros se elevam e percorrem o espaço e os mundos; enquanto alguns Espíritos culpados erram nas trevas, os bem-aventurados gozam de resplendente claridade e do espetáculo sublime do Infinito; finalmente, enquanto o mau, atormentado de remorsos e pesares, muitas vezes insulado, sem consolação, separado dos que constituíam objeto de suas afeições, pena sob o guante dos sofrimentos morais, o justo, em convívio com aqueles a quem ama, frui as delícias de uma felicidade indizível. Também nisso, portanto, há muitas moradas, embora não circunscritas, nem localizadas.

Diferentes categorias de mundos habitados

3. Do ensino dado pelos Espíritos, resulta que muito diferentes umas das outras são as condições dos mundos, quanto ao grau de adiantamento ou de inferioridade dos seus habitantes. Entre eles há-os em que estes últimos são ainda inferiores aos da Terra, física e moralmente; outros, da mesma categoria que o nosso; e outros que lhe são mais ou menos superiores a todos os respeitos. Nos mundos inferiores, a existência é toda material, reinam soberanas as paixões, sendo quase nula a vida moral. A medida que esta se desenvolve, diminui a influência da matéria, de tal maneira que, nos mundos mais adiantados, a vida é, por assim dizer, toda espiritual.
4. Nos mundos intermédios, misturam-se o bem e o mal, predominando um ou outro, segundo o grau de adiantamento da maioria dos que os habitam. Embora se não possa fazer, dos diversos mundos, uma classificação absoluta, pode-se contudo, em virtude do estado em que se acham e da destinação que trazem, tomando por base os matizes mais salientes, dividi-los, de modo geral, como segue: mundos primitivos, destinados às primeiras encarnações da alma humana; mundos de expiação e provas, onde domina o mal; mundos de regeneração, nos quais as almas que ainda têm o que expiar haurem novas forças, repousando das fadigas da luta; mundos ditosos, onde o bem sobrepuja o mal; mundos celestes ou divinos, habitações de Espíritos depurados, onde exclusivamente reina o bem. A Terra pertence à categoria dos mundos de expiação e provas, razão por que aí vive o homem a braços com tantas misérias. (...)”
“(...) 12. Entretanto, os mundos felizes não são orbes privilegiados, visto que Deus não é parcial para qualquer de seus filhos; a todos dá os mesmos direitos e as mesmas facilidades para chegarem a tais mundos. Fá-los partir todos do mesmo ponto e a nenhum dota melhor do que aos outros; a todos são acessíveis as mais altas categorias: apenas lhes cumpre a eles conquistá-las pelo seu trabalho, alcançá-las mais depressa, ou permanecer inativos por séculos de séculos no lodaçal da Humanidade. (Resumo do ensino de todos os Espíritos superiores.)


Mundos de expiações e de provas

13. Que vos direi dos mundos de expiações que já não saibais, pois basta observeis o em que habitais? A superioridade da inteligência, em grande número dos seus habitantes, indica que a Terra não é um mundo primitivo, destinado à encarnação dos Espíritos que acabaram de sair das mãos do Criador. As qualidades inatas que eles trazem consigo constituem a prova de que já viveram e realizaram certo progresso. Mas, também, os numerosos vícios a que se mostram propensos constituem o índice de grande imperfeição moral. Por isso os colocou Deus num mundo ingrato, para expiarem aí suas faltas, mediante penoso trabalho e misérias da vida, até que hajam merecido ascender a um planeta mais ditoso.
14. Entretanto, nem todos os Espíritos que encarnam na Terra vão para aí em expiação. As raças a que chamais selvagens são formadas de Espíritos que apenas saíram da infância e que na Terra se acham, por assim dizer, em curso de educação, para se desenvolverem pelo contato com Espíritos mais adiantados. Vêm depois as raças semicivilizadas, constituídas desses mesmos Espíritos em via de progresso. São elas, de certo modo, raças indígenas da Terra, que aí se elevaram pouco a pouco em longos períodos seculares, algumas das quais hão podido chegar ao aperfeiçoamento intelectual dos povos mais esclarecidos.
Os Espíritos em expiação, se nos podemos exprimir dessa forma, são exóticos, na Terra; já tiveram noutros mundos, donde foram excluídos em conseqüência da sua obstinação no mal e por se haverem constituído, em tais mundos, causa de perturbação para os bons. Tiveram de ser degradados, por algum tempo, para o meio de Espíritos mais atrasados, com a missão de fazer que estes últimos avançassem, pois que levam consigo inteligências desenvolvidas e o gérmen dos conhecimentos que adquiriram. Daí vem que os Espíritos em punição se encontram no seio das raças mais inteligentes. Por isso mesmo, para essas raças é que de mais amargor se revestem os infortúnios da vida. E que há nelas mais sensibilidade, sendo, portanto, mais provadas pelas contrariedades e desgostos do que as raças primitivas, cujo senso moral se acha mais embotado.
15. A Terra, conseguintemente, oferece um dos tipos de mundos expiatórios, cuja variedade é infinita, mas revelando todos, como caráter comum, o servirem de lugar de exílio para Espíritos rebeldes à lei de Deus. Esses Espíritos tem aí de lutar, ao mesmo tempo, com a perversidade dos homens e com a inclemência da Natureza, duplo e árduo trabalho que simultaneamente desenvolve as qualidades do coração e as da inteligência. E assim que Deus, em sua bondade, faz que o próprio castigo redunde em proveito do progresso do Espírito. - Santo Agostinho. Paris, 1862.) (...)”

“(...) Progressão dos mundos

19. O progresso é lei da Natureza. A essa lei todos os seres da Criação, animados e inanimados, foram submetidos pela bondade de Deus, que quer que tudo se engrandeça e prospere. A própria destruição, que aos homens parece o termo final de todas as coisas, é apenas um meio de se chegar, pela transformação, a um estado mais perfeito, visto que tudo morre para renascer e nada sofre o aniquilamento.
Ao mesmo tempo que todos os seres vivos progridem moralmente, progridem materialmente os mundos em que eles habitam. Quem pudesse acompanhar um mundo em suas diferentes fases, desde o instante em que se aglomeraram os primeiros átomos destinados e constituí-lo, vê-lo-ia a percorrer uma escala incessantemente progressiva, mas de degraus imperceptíveis para cada geração, e a oferecer aos seus habitantes uma morada cada vez mais agradável, à medida que eles próprios avançam na senda do progresso. Marcham assim, paralelamente, o progresso do homem, o dos animais, seus auxiliares, o dos vegetais e o da habitação, porquanto nada em a Natureza permanece estacionário. Quão grandiosa é essa idéia e digna da majestade do Criador! Quanto, ao contrário, é mesquinha e indigna do seu poder a que concentra a sua solicitude e a sua providência no imperceptível grão de areia, que é a Terra, e restringe a Humanidade aos poucos homens que a habitam!
Segundo aquela lei, este mundo esteve material e moralmente num estado inferior ao em que hoje se acha e se alçará sob esse duplo aspecto a um grau mais elevado. Ele há chegado a um dos seus períodos de transformação, em que, de orbe expiatório, mudar-se-á em planeta de regeneração, onde os homens serão ditosos, porque nele imperará a lei de Deus. - Santo Agostinho. (Paris, 1862.)”

Trecho extraído de O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. III – Há muitas moradas na casa de meu Pai


“(...) Resumo teórico da motivação das ações do homem

Questão 872 (LE): A questão de ter a vontade livre, isto é, o livre-arbítrio, pode se resumir assim: a criatura humana não é fatalmente conduzida ao mal; os atos que pratica não estavam antecipadamente determinados; os crimes que comete não resultam de uma sentença do destino. Ele pode, como prova e expiação, escolher uma existência em que terá a sedução para o crime, seja pelo meio em que se encontre ou pelos atos em que tomará parte, mas está constantemente livre para agir ou não. Assim, o livre-arbítrio existe no estado de Espírito, com a escolha da existência e das provas, e no estado corporal, na disposição de ceder ou de resistir aos arrastamentos a que estamos voluntariamente submetidos. Cabe à educação combater essas más tendências; ela o fará utilmente quando estiver baseada no estudo aprofundado da natureza moral do homem. Pelo conhecimento das leis que regem essa natureza moral será possível modificá-la, como se modifica a inteligência pela instrução, e como a higiene, que preserva a saúde e previne as doenças, modifica o temperamento. O Espírito livre da matéria, no intervalo das encarnações, faz a escolha de suas existências corporais futuras, de acordo com o grau de perfeição que atingiu, e nisso, como dissemos, consiste principalmente o seu livre-arbítrio. Essa liberdade não é anulada pela encarnação. Se cede à influência da matéria é porque fracassa nas próprias provas que escolheu, e para ajudá-lo a superá-las pode evocar a assistência de Deus e dos bons Espíritos. (Veja a questão 337.)
Sem o livre-arbítrio o homem não teria nem culpa na prática do mal, nem mérito no bem; e isso é igualmente reconhecido no mundo, onde sempre se faz censura ou elogio à intenção, ou seja, à vontade; portanto, quem diz vontade diz liberdade. Eis por que o homem não pode justificar ou desculpar suas faltas atribuindo-as ao seu corpo sem abdicar da razão e da condição de ser humano para se igualar ao irracional. Se o corpo humano fosse responsável pela ação para o mal, o seria igualmente na ação para o bem. Entretanto, quando o homem faz o bem, tem grande cuidado para evidenciar o fato em seu favor, como mérito seu, e não exalta ou gratifica seus órgãos. Isso prova que, instintivamente, ele não renuncia, apesar da opinião de alguns filósofos sistemáticos, ao mais belo dos privilégios de sua espécie: a liberdade de pensar.
A fatalidade, como se entende geralmente, faz supor que todos os acontecimentos da vida estão prévia e irrevogavelmente decididos, e estão na ordem das coisas, seja qual for sua importância. Se assim fosse, o homem seria uma máquina sem vontade. Para que serviria sua inteligência, uma vez que em todos os atos seria invariavelmente dominado pelo poder do destino? Uma doutrina assim, se fosse verdadeira, teria em si a destruição de toda liberdade moral; não haveria mais responsabilidade para o homem e, conseqüentemente, nem bem, nem mal, nem crimes, nem virtudes. Deus, soberanamente justo, não poderia castigar suas criaturas por faltas que não dependeram delas nem recompensá-las pelas virtudes das quais não teriam o mérito. Uma lei assim seria, além disso, a negação da lei do progresso, porque o homem que esperasse tudo do destino nada tentaria para melhorar sua posição, já que não conseguiria mudá-la nem para melhor nem para pior.
A fatalidade não é, entretanto, uma idéia vã; ela existe na posição que o homem ocupa na Terra e nas funções que aí cumpre, por conseqüência do gênero de existência que seu Espírito escolheu como prova, expiação ou missão. Ele sofre, fatalmente, todas as alternâncias dessa existência e todas as tendências, boas ou más, que lhe são próprias; porém, termina aí a fatalidade, porque depende de sua vontade ceder ou não a essas tendências. O detalhe dos acontecimentos depende das circunstâncias que ele mesmo provoca por seus atos e sobre as quais os Espíritos podem influenciar pelos pensamentos que sugerem. (Veja a questão 459.)
A fatalidade está, portanto, para o homem, nos acontecimentos que se apresentam, uma vez que são a conseqüência da escolha da existência que o Espírito fez. Pode deixar de ocorrer a fatalidade no resultado dos acontecimentos, quando o homem, usando de prudência, modifica-lhes o curso. Nunca há fatalidade nos atos da vida moral.
É na morte que o homem está submetido, de uma maneira absoluta, à implacável lei da fatalidade, porque não pode escapar da sentença que fixa o fim de sua existência, nem do gênero de morte que deve interrompê-la.
De acordo com a opinião geral, o homem possuiria todos os seus instintos em si mesmo; eles procederiam de seu próprio corpo, pelos quais não poderia ser responsável, ou de sua própria natureza, na qual pode encontrar uma desculpa, para si mesmo, dizendo que não é sua culpa, uma vez que foi criado assim.
A Doutrina Espírita é evidentemente muito mais moral: admite no homem o livre-arbítrio em toda sua plenitude e, ao lhe dizer que, se faz o mal, cede a uma má sugestão exterior, deixa-lhe toda a responsabilidade, uma vez que reconhece seu poder de resistir, o que é evidentemente mais fácil do que lutar contra sua própria natureza. Assim, de acordo com a Doutrina
Espírita, não há sedução irresistível: o homem pode sempre fechar os ouvidos à voz oculta do obsessor que o induz ao mal em seu íntimo, assim como pode fechá-los quando alguém lhe fala; pode fazer isso por sua vontade, ao pedir a Deus a força necessária e rogando a assistência dos bons Espíritos. É o que Jesus nos ensina na sublime prece do Pai Nosso: “Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal”.
Essa teoria que mostra a causa determinante dos nossos atos ressalta evidentemente de todo o ensinamento dado pelos Espíritos. Não é apenas sublime em moralidade, mas acrescentaremos que eleva o homem a seus próprios olhos. Mostra-o livre para repelir um domínio obsessor, como pode fechar sua casa aos importunos. Não é mais uma máquina que age por um impulso independente de sua vontade; é um ser racional, que escuta, julga e escolhe livremente um entre dois conselhos. Apesar disso, o homem não está impedido de agir por sua iniciativa, por impulso próprio, já que, definitivamente, é apenas um Espírito encarnado que conserva, sob o corpo, as qualidades e os defeitos que tinha como Espírito. As faltas que cometemos têm, portanto, sua origem na imperfeição de nosso próprio Espírito, que ainda não atingiu a superioridade moral que terá um dia, mas que nem por isso tem seu livre-arbítrio limitado. A vida encarnada lhe é dada para se depurar de suas imperfeições pelas provas que passa, e são precisamente essas imperfeições que o tornam mais fraco e acessível às sugestões de outros Espíritos imperfeitos, que aproveitam para se empenhar em fazê-lo fracassar na luta. Se sai vencedor, eleva-se; se desperdiça a oportunidade e fracassa, permanece o que era, nem pior, nem melhor: é uma prova que terá de recomeçar, e isso pode durar muito tempo. Quanto mais se depura, mais seus pontos fracos diminuem e menos se expõe àqueles que procuram incitá-lo ao mal; sua força moral cresce em razão de sua elevação e os maus Espíritos se afastam dele.
A raça humana é constituída tanto de Espíritos bons quanto de maus, que estão encarnados neste planeta, e como a Terra é um dos mundos menos avançados, nela se encontram mais Espíritos maus do que bons; por isso há tanta perversidade aqui.
Façamos, portanto, todos os esforços para não voltarmos aqui após essa existência e merecermos ser admitidos num mundo melhor, num desses mundos privilegiados onde o bem reina absoluto, e lembraremos de nossa passagem pela Terra apenas como um exílio temporário.”
Trecho extraído de O Livro dos Espíritos, Parte III, Cap. 10 – Lei de Liberdade – Resumo teórico da motivação das ações do homem.



Expiação, Prova e Missão



Definição
Características
EXPIAÇÃO
Expiar, segundo a definição vulgar, significa sofrer em função de alguma coisa. A expiação surge como objetivo encarnatório, quando o homem malbarata o código divino que rege o universo. Quando o indivíduo por excessos, maldade ou por imprudência fere a lei geral que cuida dos nossos destinos, torna-se incurso na Lei de Causa e Efeito, para que, através do sofrimento, se reeduque.
"A expiação consiste nos sofrimentos físicos e morais que são consequentes à uma falta, seja na vida atual, seja na vida espiritual após a morte, ou ainda em nova existência corporal." [O Céu e o Inferno, cap. VIII]
Em [O Consolador], questão 246, Emmanuel afirma:
"A expiação é a pena imposta ao malfeitor que comete um crime."

- Sempre dolorosa
- Sempre ligada a uma falta

PROVA
Ainda em [O Consolador], questão 246, Emmanuel continua:
"A prova é a luta que ensina ao discípulo rebelde e preguiçoso a estrada do trabalho e da edificação espiritual."
As provas são uma série de situações apresentadas ao Espírito encarnado objetivando o seu crescimento. Através do esforço próprio, das lutas e do sacrifício ele vai burilando a sua personalidade, desenvolvendo a sua inteligência e se iluminando espiritualmente.
"Não se deve crer que todo sofrimento por que se passa neste mundo seja necessariamente o indício de uma determinada falta: trata-se, freqüentemente, de simples provas escolhidas pelo Espírito, para acabar a sua purificação e acelerar o seu adiantamento." [Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. V item 9]
Lembra Kardec que nem toda prova é uma expiação, mas em toda expiação há uma prova, porque diante do sofrimento expiatório, o homem ver-se-á convidado a desenvolver (lutar) pelos valores de resignação.

- Não está vinculada a uma falta
- Não é sempre dolorosa, embora possa ser
- Representa sempre luta para crescimento pessoal

MISSÃO
"Um Espírito querendo avançar mais, solicita uma missão, uma tarefa, pela qual será tanto ou mais recompensado, se sair vitorioso."
[Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. V, item 9]
Pelo exposto, podemos entender a missão como sendo uma tarefa específica que objetiva o bem da criatura.
Lembra ainda Kardec que:
"Todo homem, sobre a Terra, tem uma pequena ou grande missão" e que "as missões dos Espíritos tem sempre o bem por objeto. Há tantos gêneros de missões quanto as espécies de interesses a resguardar."
Informa que a importância das missões está em relação com a capacidade e a elevação do Espírito, e que cada um tem sua missão neste mundo, porque cada um pode ser útil em algum sentido.
Kardec [O Céu e o Inferno] emprega ainda a expressão reparação para designar aquela condição onde o indivíduo reencarna com o propósito de fazer o bem a quem ontem fez o mal.
Pode-se considerar a reparação como uma variante da missão.
- Tarefa específica
- Pressupõe certa condição evolutiva prévia
- Objetiva o melhoramento de algo ou alguém”

Trecho extraído de Reencarnação: Objetivos (Centro Espírita Celeiro da Luz)


Origem dos Sofrimentos

"Os sofrimentos devidos a causas anteriores à existência presente, como os que se originam de culpas atuais, são muitas vezes a consequência da falta cometida, isto é, o homem, pela ação de uma rigorosa justiça distributiva, sofre o que fez sofrer aos outros." (O Evangelho Segundo o Espiritismo).

"Na raiz de qualquer tipo de sofrimento sempre será encontrado como seu autor o próprio espírito, que se conduziu erroneamente, trocando o mecanismo do amor pela dor, no processo da sua evolução.
A fim de apressar a recuperação, eis que se inverte a ordem dos acontecimentos, sendo a dor o meio de levá-lo de volta ao amor, por cuja trilha se faz pleno.
Ninguém se encontra isento do patrimônio de si mesmo como resultado dos próprios atos. São eles os responsáveis diretos por todas as ocorrências da marcha evolutiva, o que constitui grande estímulo para o ser, liberando-o dos processos de transferência de responsabilidade para outrem ou para os fatores circunstanciais, sociais, que normalmente são considerados perturbadores." (Autodescobrimento – uma busca interior, ditado pelo Espírito de Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco).

"Sejamos, portanto, vigilantes, prudentes e virtuosos na vida, para não aprendermos, com a dor e os sofrimentos, o rigor da Lei de Causa e Efeito. Conhecendo esse mecanismo sábio da justiça Divina progredimos na hierarquia espiritual, pois empregamos bem as faculdades, buscamos as boas experiências, acumulamos os conhecimentos úteis e despertamos, em nós mesmos, o senso moral que combate as más tendências e mantém sadias as forças interiores." (Equilíbrio íntimo pelo Espiritismo, Geziel Andrade).

Cada um é, portanto, o arquiteto das suas cons­truções de felicidade ou de desdita." (Tormentos da Obsessão, ditado pelo Espírito de Manoel Philomeno de Miranda, psicografado por Divaldo Pereira Franco).