segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Como tudo começou


Photo Credit: Lusi

Depois de um longo namoro, um casamento muito comemorado, conclui-se que o próximo passo era ter um filho. Eu já sabia que poderia ser difícil, mas bastou deixar de tomar o anticoncepcional, logo no próximo mês pude dizer a frase tão desejada: Vamos ter um filho! A alegria foi imensa e compartilhada por todos que tomavam conhecimento da novidade. Enjôos, mal-estar, e outros transtornos característicos da gravidez não se manifestaram, continuei cumprindo todas as atividades diárias. Trabalhava, dava aulas de informática em um projeto de voluntariado e fazia aulas de dança. Desejo: Suco de pêssego. A felicidade era tanta, que a cada roupinha eu imaginava quando e como o bebê a utilizaria. A cada local novo que visitava, imaginava como seria quando retornasse com ele no colo. Lia sobre como o pensamento positivo poderia influenciar nas características do bebê que ainda estava em formação (1). Me cadastrei em um site que trata sobre a relação mamãe e bebê, para receber semanalmente informações sobre o desenvolvimento do bebê a medida que cada semana ia se passando. Como nos divertíamos ao fazer o exame de ecografia: vi o Meu Bem calado pela primeira vez na vida. Ele que normalmente fala muito, ficou sem palavras quando via o bebê e seu coraçãozinho pulsando no monitor. Compramos várias roupinhas, sapatinhos, e fizemos muitos planos. Tivemos um pequeno susto na décima segunda semana de gestação, tive um pequeno sangramento, decorrente de um descolamento da placenta, depois de duas semanas de repouso já estava tudo bem. Depois descobrimos que o bebê era um menino, ele já tinha um nome: Guilherme. E se passaram as semanas. Lá pela vigésima segunda semana detectou-se uma alteração na minha pressão arterial, fui medicada, mas não me dei conta de toda a dificuldade que poderia decorrer deste quadro clínico. Na vigésima oitava semana uma ecografia detectou que o Guilherme não estava recebendo todos os nutrientes necessários ao seu desenvolvimento, devido ao aumento da minha pressão arterial. A partir deste dia também fiquei em repouso, fui alertada que provavelmente o Guilherme deveria nascer antes do período previsto, mas que o repouso e a medicação poderia alterar o quadro que ele apresentava naquele dia. Entretanto, sai do exame com a recomendação de que ao sentir uma forte dor de cabeça deveria ir para o hospital imediatamente. Fui pra casa e segui todas as recomendações. Naquela mesma semana pedi para a minha cunhada e a minha sogra me levarem ao hospital, pois estava sentindo uma dor de cabeça muito forte. No hospital me examinaram, escutaram o coração do Guilherme e o médico disse que estava tudo bem. No domingo, mais uma vez fui ao hospital, por causa da pressão, mas chegando lá o médico fez a mesma avaliação e me encaminhou para casa. Na semana seguinte quando fiz mais uma ecografia, a médica verificou que o quadro do Guilherme havia piorado muito, e me disse que ele teria muito mais chances de sobreviver “do lado de fora”. Pois na Unidade de Tratamento Intensivo Neo-natal (UTIN) ele teria melhores condições do que permanecendo no meu ventre. No sábado pela manhã, com quase 30 semanas de gestação, o Guilherme nasceu. Ele chorou. Foi o som mais lindo que eu já ouvi... Ele foi logo encaminhado para a UTIN, o pai dele o viu, tirou fotos. Eu só pude vê-lo lá pelas três horas da tarde, ele era lindo, os cabelos começando a formar cachinhos, neste momento eu conversei com ele, contei todos os meus planos, o toquei, disse o quanto ele era bem vindo. A médica me disse o quanto ele era vulnerável e quanto a sua situação era delicada, mas eu não dei a mínima pra ela. Passei não sei quanto tempo ali na UTIN conversando com ele, até me sentir tonta e então pedi para voltar para o quarto. Logo mais à noite teríamos outra oportunidade de nos encontrar. Ficamos aguardando para vê-lo, eu e meu marido, mas não pudemos mais vê-lo com vida.

Referência Bibliográfica
(1) Para uma vida melhor – Orientação às Gestantes – Ordem Rosa Cruz da Criança, AMORC, 3ª Ed.

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