quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Mas que nome eu dou?!

Photo Credit: Juliana Coutinho

Para transformar meu diário neste blog, utilizei como apoio o texto Bê-a-Blog. Uma das dicas é sobre a escolha do nome. Eu não tive dúvidas e a minha primeira opção foi: exgravidaouquasemae.
Pensando mais um pouco, encontrei outra opção: reconstruindo. Com a  primeira escolha acreditei que ficava explícito o meu drama pessoal, ou seja, o sentimento de perda, de inadequação, de ciclo inacabado, ou melhor, prematuramente acabado. Muitos outros substantivos surgiram, mas nenhum foi capaz de nominar o meu estado de espírito: ex-grávida, quase mãe, ou o quê? Com a segunda escolha pensei em transmitir a vontade de juntar tudo o que sobrou de mim e recomeçar, tentando reorganizar a vida modificada pela experiência da perda. Como ainda estava em dúvida, passei a aplicar outra dica existente no manual, que é definir uma periodicidade para publicação dos textos e ter sempre alguns preparados, para eventuais momentos em que não seja possível escrever. Então comecei a compilar o meu diário e transformá-lo em posts. Levei tão a sério esta dica que escrevi quase um ano de textos antes de seu lançamento. A princípio isto parece ruim, mas não foi. Eu tive tempo para pensar sobre tudo que escrevi, tive a oportunidade de ver a opinião de pessoas sobre os meus textos, e assim complementá-los. Tive condições de relê-los em diferentes momentos avaliar a minha mudança de comportamento em relação a alguns temas, além de conhecer outras histórias que “misteriosamente” chegaram até as minhas mãos. Neste meio tempo, o comentário da minha colega psicóloga Anabela, veio aumentar a polêmica sobre o nome do Blog. Ela argumentou que toda mulher que já esteve grávida é uma ex-grávida e que toda grávida já é mãe, então ninguém pode ser quase mãe. Finalmente, acrescentou que toda mulher que já foi mãe um dia, nunca vai deixar de ser. Continuei a pensar em um nome apropriado e percebi que eu não encontrava um nome capaz de expressar o meu estado de espírito. E durante esta busca comecei a perceber o quanto eu valorizava a minha perda e o meu sofrimento. Então resolvi me perguntar se esta importância era justa, em relação aos demais aspectos da minha vida e a resposta foi surpreendente: eu dei à minha dor uma importância desproporcional em relação ao amor que sinto pelo Guilherme, pelos demais membros da minha família e pelos meus projetos de vida. Percebi que dedicava muito mais tempo e energia à minha dor do que deveria. Essa dor me fez chegar até aqui, me fez capaz de refletir sobre mim mesma e os meus relacionamentos. Mas deste ponto em diante eu tenho que seguir sozinha, na minha própria companhia. Depois de todas estas reflexões, tive vontade de dar outro nome pro blog, um mais abrangente, em que eu pudesse falar também sobre todos os outros temas que fazem parte da minha vida, e que foram reocupando seu espaço aos poucos. Daí surgiu a vontade de chamá-lo de colcha de retalhos, que representa bem a minha vida, cheia de retalhos costurados a mão, e trazidos um a um, por mim, pelos meus amigos, e que vão montando um grande patchwork, tão variado em cores, formas e tamanhos como só eu sei ser e como cada um sabe ser, um grande conjunto de pequenos pedaços, unidos e reunidos pouco a pouco. Mas, este nome já vem sendo amplamente utilizado, segundo a minha amiga Beatriz, que me ajudou a fazer uma pesquisa. Então, finalmente resolvi chamá-lo de canteiro de sonhos, que retrata bem o meu objetivo final que é semear a esperança e a certeza de um futuro melhor, que vai se desenvolvendo lentamente, crescendo sempre.

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